• Terça, 09 de Fevereiro de 2021

De volta ao tema impeachment X ruas

O caso Vargas, apenas como analogia

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Em postagens recentes que ainda estão na página principal, analisou-se o porquê dificilmente um suposto afastamento de Bolsonaro prosperaria.

Foram dados os exemplos de Dilma, de Collor e também de João Goulart, que não obstante tenha caído por golpe, não dispunha de apoio popular expressivo.

Acrescenta-se, agora, um exemplo contrário e peculiar: o de Getúlio Vargas – que saiu de cena apesar do apoio do povo. Mas são várias as circunstâncias particulares e excepcionais que diferenciam a queda de Vargas das demais. Vejamos:

Em primeiro lugar, “queda” não exprime bem o desfecho de Getúlio, posto que não resultou em derrota, mas em vitória sobre os adversários.

Em segundo lugar, nos anos 50 não havia pesquisas de popularidade, então se presume que o velho caudilho detinha o controle das ruas pelas manifestações após sua morte.

Por fim, o “impeachment” imposto a Vargas – fora de qualquer trâmite constitucional – pendia entre a renúncia forçada ou a deposição. Em ambos os casos, sairia pela porta dos fundos do Catete.

Getúlio, contudo, daria a palavra final: poderia ter resistido; poderia, ele, ter tentado o golpe que o faria, de novo, ditador. Mas cansado de tantas batalhas, encurtou o trajeto. O tiro no peito, em 24 de agosto de 1954, abateria seus opositores e o faria entrar para a História.

Vargas segue como um ponto fora da curva e não deve ser comparado a nenhum de seus sucessores.