De volta ao tema impeachment X ruas
O caso Vargas, apenas como analogia

Em postagens recentes que ainda estão na página principal, analisou-se o porquê dificilmente um suposto afastamento de Bolsonaro prosperaria.
Foram dados os exemplos de Dilma, de Collor e também de João Goulart, que não obstante tenha caído por golpe, não dispunha de apoio popular expressivo.
Acrescenta-se, agora, um exemplo contrário e peculiar: o de Getúlio Vargas – que saiu de cena apesar do apoio do povo. Mas são várias as circunstâncias particulares e excepcionais que diferenciam a queda de Vargas das demais. Vejamos:
Em primeiro lugar, “queda” não exprime bem o desfecho de Getúlio, posto que não resultou em derrota, mas em vitória sobre os adversários.
Em segundo lugar, nos anos 50 não havia pesquisas de popularidade, então se presume que o velho caudilho detinha o controle das ruas pelas manifestações após sua morte.
Por fim, o “impeachment” imposto a Vargas – fora de qualquer trâmite constitucional – pendia entre a renúncia forçada ou a deposição. Em ambos os casos, sairia pela porta dos fundos do Catete.
Getúlio, contudo, daria a palavra final: poderia ter resistido; poderia, ele, ter tentado o golpe que o faria, de novo, ditador. Mas cansado de tantas batalhas, encurtou o trajeto. O tiro no peito, em 24 de agosto de 1954, abateria seus opositores e o faria entrar para a História.
Vargas segue como um ponto fora da curva e não deve ser comparado a nenhum de seus sucessores.